domingo, 26 de abril de 2015

Contemporary Political and Territorial Issues Facing Brazil’s Maroon Communities

Seminar
Contemporary Political and Territorial Issues Facing Brazil’s Maroon Communities

Wednesday, April 29th, 2015, 6:00 p.m.
Location: Columbia University, 420 West 118th St. between Amsterdam and Morningside Drive (map)

Scholarly presentations by Professor Mariléa de Andrade and Professor José Maurício Arruti of the Universidade Estadual de Campinas will animate a lively discussion on the challenges and successes of the Quilombo movement following the 1988 Constitution's guarantee of land rights.

This event is a co-sponsorship by the Center for Brazilian Studies and ILAS at Columbia University, the Center for Latin American Studies at NYU, and the Consulate General of Brazil.


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quarta-feira, 8 de abril de 2015

Desiguais diferentes: quilombolas e indígenas no censo de 2010 - Seminário NEPO


Tempo de Debate (NEPO/UNICAMP) e
Programa De Seminários Do Observatório Das Migrações Em São Paulo

convidam para o seminário

DESIGUAIS DIFERENTES: QUILOMBOLAS E INDÍGENAS NO CENSO DE 2010


Profa. Dra. Marta Amaral Azevedo(NEPO/Unicamp)
Prof. Dr. José Maurício Arruti (DA, CPEI e CERES/Unicamp)
Dra. Thais Tartalha (IPPRI/Unesp e PPG TerritoriAL)
Dr. Ricardo Dagnino (NEPO)

Dia:08 de abril de 2015
Horário: 14:00h às 17:00h
Local: Auditório do NEPO






terça-feira, 7 de abril de 2015

Quilombos e cidades: breve ensaio sobre processos e dicotomias

Este é o título do meu capítulo no livro 'Dispositivos urbanos e trama dos viventes: Ordens e Resistências', organizado por Patrícia Birman, Márcia Pereira Leite, Carly Machado, Sandra de Sá Carneiro.





Trecho:
"Lá se vão vinte anos desde que começamos discutir as formas pelas quais a categoria ‘quilombo’ (brecha multiculturalista em um ordenamento jurídico refratário ao pluralismo) emergiu no horizonte das estratégias de resistência de comunidades negras tradicionais como uma considerável ampliação da sua margem de manobra na luta pela conquista de seus territórios sociais. Este tempo não foi suficiente, entretanto, para resolver nem as imprecisões e confusões conceituais – mal ou bem intencionadas –, nem para esgotar os movimentos mais ou menos conscientes, consistentes e consequentes de alargamento da própria categoria – reconhecidamente plástica. A definição e os contornos do conceito, o caráter distintivo dessas comunidades, o seu número em permanente expansão, os direitos a serem reconhecidos a elas, assim como uma série de definições normativas menores, mas fundamentais do ponto de vista prático, constituem um dos campos mais impressionantes de controvérsia pública no Brasil contemporâneo, principalmente em função da forma complexa pela qual tal campo entrelaça história, antropologia, sociologia, direito e teoria política.

Algumas vezes os analistas buscam um caminho em meio a tal complexidade multiplicando as adjetivações do fenômeno, convencidos de que a taxonomia seria em si mesma explicativa. Disso emergem as tentativas de distinção - ou a simples suposição de diferenças substantivas - entre os ‘quilombos históricos’ e os ‘quilombos contemporâneos’ ou ‘jurídicos’, entre os ‘quilombos de negociação’ e os ‘quilombos de rompimento’, de ‘refúgio’ ou ‘abolicionistas’, entre os ‘quilombos culturais’ e os ‘fundiários’, entre ‘comunidades tradicionais’ e ‘neotradicionais’ – do que a distinção entre ‘quilombos rurais’ e ‘urbanos’ é apenas uma variação. Uma variação, porém, que tem a propriedade de se apresentar como uma evidência empírica indiscutida, um dado tão substantivo e material quanto as diferenças espaciais parecem ser um dado material para a nossa percepção mais comum.

Assim, ao ser convocado a refletir sobre “dispositivos postos em funcionamento para gerir a pobreza e as formas de resistência de indivíduos e grupos que afloram e também estruturam a vida em espaços diversos” (O desafio foi posto pelas organizadoras do Colóquio “Dispositivos Urbanos e Trama dos Viventes: Ordens e Resistências”, UERJ, novembro de 2011), eu me vi quase naturalmente voltando o olhar para o tema dos ‘quilombos urbanos’, porém mais por razões negativas que positivas. Primeiro porque os ‘quilombos urbanos’ – assim como os ‘índios urbanos’ – são hoje as manifestações mais críticas à suposição de que a noção de “pobreza” seria suficiente para delimitar o problema das formas de resistência de grupos que estruturam espaços diversos ou alternativos. Segundo, porque a expressão “quilombos urbanos” tem sido tão evocada quanto confusamente empregada para descrever uma fração ou uma variação destas ‘heterotopias urbanas’, pertinentemente evocadas por este seminário.

Em lugar de partir deste suposto taxonômico (os quilombos urbanos), buscaremos refletir sobre os dispositivos históricos e discursivos que sustentam, permitem ou simplesmente legitimam a emergência e o emprego da noção. Ainda que o trabalho taxonômico seja útil e até mesmo imprescindível, ele não responde ao problema das lógicas de produção e transformação que nos interessam aqui. Diante de um problema tão extenso, porém, nosso objetivo aqui é bem mais modesto: oferecer algumas pistas para um caminho de saída do emaranhado de categorias sobrepostas que vai se acumulando com as tentativas de apreender (classificando antes de interpretar) a enorme variedade interna ao fenômeno. Pistas que estarão baseadas em um número de situações maior do que aquelas que poderemos citar extensamente aqui, já que não poderemos oferecer uma revisão rigorosa da bibliografia disponível, ainda que estejamos informados por uma leitura assistemática dela. Um ensaio de interpretação que, para efeitos de coerência textual, se restringirá aos exemplos retirados do contexto do estado do Rio de Janeiro."


Sumário do livro

Apresentação 7
Luiz Antonio Machado da Silva

Introdução - Tramas e dispositivos urbanos nas cidades contemporâneas 15
Patrícia Birman, Márcia Pereira Leite, Carly Machado e Sandra de Sá Carneiro

Parte I - Das tramas e dos dispositivos urbanos 31

Capítulo 1 - Do refúgio nasce o gueto: antropologia urbana e política dos espaços precários 33
Michel Agier

Capítulo 2 - Fronteiras da lei como campo de disputa: notas inconclusas a partir de um percurso de pesquisa 55
Vera Telles

Capítulo 3 - Sujeição criminal: quando o crime constitui o ser do sujeito 77
Michel Misse

Parte II - Entre o legal e o ilegal: práticas e discursos sobre o urbano 93

Capítulo 4 - Comércio ambulante no Rio de Janeiro e em São Paulo: grupos de poder e instrumentos contemporâneos de governo 95
Daniel Hirata

Capítulo 5 - “Saindo do crime”: igrejas pentecostais, ONGs e os signifiados da “ressocialização” 121
César Teixeira

Capítulo 6 - Favelas cariocas, acesso a direitos e políticas urbanas: práticas e discursos 141
Rafael Soares Gonçalves

Capítulo 7 - Ocupações: territórios em disputa, gêneros e a construção de espaços comuns 163
Patrícia Birman

Capítulo 8 - Governamentalidade e mobilização da pobreza urbana no Brasil e na África do Sul: favelas e townships como atrações turísticas 187
Bianca Freire-Medeiros

Parte III - Presos do lado de fora: periferias, quilombos, favelas e ocupações 199

Capítulo 9 - Regimes de diferenciação, registros de identifiação: identidades, territórios, direitos e exclusão social 201
Véronique Boyer

Capítulo 10 - Quilombos e cidades: breve ensaio sobre processos e dicotomias 217
José Maurício Arruti

Capítulo 11 - O quilombo como metáfora: espaços sociais de resistência na região portuária carioca 239
Jérôme Souty

Capítulo 12 - Dois agenciamentos e uma ocupação de moradia 271
Adriana Fernandes

Capítulo 13 - Favelas, campos de refugiados e os “intelectuais das margens” 303
Amanda S. A. Dias

Capítulo 14 - O “repertório dos projetos sociais”: política, mercado e controle social nas favelas cariocas 319
Lia de Mattos Rocha

Capítulo 15 - Sociabilidade de grades e cadeados e ordem de tranquilidade: da cidadania dos adimplentes à “violência urbana” em condomínios fechados da Zona Oeste do Rio de Janeiro 343
Jussara Freire

Capítulo 16 - De territórios da pobreza a territórios de negócios: dispositivos de gestão das favelas cariocas em contexto de “pacifiação” 377
Márcia Pereira Leite

Parte IV experiências de terror: revelação e ocultamento 403

Capítulo 17 - Tempos, dores e corpos: considerações sobre a “espera” entre familiares de vítimas de violência policial no Rio de Janeiro 405
Adriana Vianna

Capítulo 18 - Da capa de revista ao laudo cadavérico: pesquisando casos de violência policial em favelas cariocas 419
Juliana Farias

Capítulo 19 - Morte, perdão e esperança de vida eterna: “ex-bandidos”, policiais, pentecostalismo e criminalidade no Rio de Janeiro 451
Carly Machado

Capítulo 20 - O espetáculo da destruição e a manutenção do sistema 473
Myrian Sepúlveda dos Santos



Para outras produções sobre o tema: Textos sobre Quilombos