sábado, 1 de dezembro de 2012

Memória e reconhecimento: notas sobre as disputas pela gestão da memória na França e no Brasil hoje

Este é o título do texto escrito em parceria com Luciana Q. Heymann, publicado como capítulo do livro 'Qual o valor da História Hoje?' (2012), organizado por Marcia De Almeida Gonçalves, Helenice Aparecida Bastos Rocha, Luís Reznik, Ana Maria Monteiro








Trecho:
Este breve ensaio tem por objetivo explorar os paralelismos encontrados entre as controvérsias públicas que envolvem o tema da memória nos contextos francês e brasileiro. Nosso interesse recairá, em especial, sobre a relação que se estabeleceu, nos últimos anos, entre as disputas pela gestão da memória nacional e as lutas sociais por reconhecimento. Tais disputas trazem para o primeiro plano do debate sobre a memória nacional as lutas pela afirmação de direitos sociais e políticos de grupos minoritários ou historicamente silenciados, vítimas de desrespeitos ou violências perpetradas pelos estados nacionais. Essas questões, ainda que os mobilizem, não emergem de embates científicos e historiográficos, mas de demandas coletivas que se manifestam nos mais diferentes níveis: desde a definição de lugares de memória, como o calendário de efemérides nacionais, a criação de espaços memoriais e a definição dos currículos escolares, até as novas modalidades de normatização e judicialização da memória, passando pela proposição de políticas públicas de reparação simbólica e redistribuição de recursos. Nossa abordagem desse campo de observação, tão extenso quanto instável, não resulta de pesquisa sistemática, mas de uma série de sugestões analíticas fundadas em pesquisas distintas que encontram na tríade política, identidade e memória uma pauta promissora, para a qual temos a intenção de apontar aqui. Como ponto de partida, propomos aproximar o debate sobre o dever de memória no contexto francês das formas que assumiu no Brasil.

Sumário

Apresentação

Parte I: Formas de escrever e ensinar história

1. Fazer defeitos nas memórias: para que servem o ensino e a escrita da história?
Durval Muniz de Albuquerque Júnior

2. O valor da vida dos outros...
Márcia de Almeida Gonçalves

3. Ciências do espírito: relações entre história e educação
Maria Nazaré de Camargo Pacheco Amaral

4. A aula como desafio à experiência da história
Valdei Lopes de Araujo


Parte II: Memória e identidade

5. Do dever de memória ao dever de história: um exercício de deslocamento
Eunícia Barros Barcelos Fernandes

6. Memória e reconhecimento: notas sobre as disputas contemporâneas pela gestão da memória na França e no Brasil
Luciana Heymann e José Maurício Arruti

7. Cartografias da memória: história, memória e ensino da história
Margarida de Souza Neves

8. Uma província em disputa: como os fluminenses lidaram com a memória imperial na década de 1920
Rui Aniceto Nascimento Fernandes

9. A história é uma escola! O paradigma do nacional na literatura didática de Viriato Corrêa
José Ricardo Oriá Fernandes

10. Nação, nacionalismo e identidade do estudante de história
Luis Fernando Cerri


Parte III: Tempo e alteridade

11. T empo presente no ensino de história: o anacronismo em questão
Ana Maria Monteiro

12. Que passados e futuros circulam nas escolas de nosso presente?
Carmen Teresa Gabriel

13. A prender e ensinar o tempo histórico em tempos de incertezas: reflexões e desafios para o professor de história
Sonia Regina Miranda

14. A lteridade e ensino de história: valores, espaços-tempos e discursos
Cecilia M. A. Goulart

15. A leitura na aula de história como experiência de alteridade
Helenice Rocha

16. Do colorido à cor: o complexo identitário na prática educativa
Júnia Sales Pereira